quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Surgiu um clima de intolerância total (à lactose)

Se os meia cura fossem inteiros, talvez salvassem a vida de alguém. Enquanto os parmesões, estes nunca estão dispostos a servir aqueles que tem parmesinhas. O emmental me veio com uma pose inntelectual e uma atitude temmperamental: faltou no fundue que marcamos em julho, não foi na data de remarcagem e disse que não gosta de sair no calor e só volta no ano que vem. O queijo fresco é empolado, nunca aceita algo diferente de seu gosto ( e ele diz que tem um gosto). O prato, quase me quebrou os dentes quando quis mordê-lo. Cheddar foi confundido com uma sacola plástica (laranja, mas plástica e o cheiro...eca). O qualho derreteu e mergulhou num mar de cinzas na lata de tinta Suvinil. A mussarela envelheceu na geladeira e ficou pior que o meu xulé. A ricota morreu de desgosto e o provolone estava em uma corrida entre quatro queijos e sofreu de ataques e e enjôos. O gorgonzola, que horror: alguém me disse que andava sempre mofado, mal apeado, que tinha até manchas verdes, hálito forte e coisas parecidas. E o gruyère, o camembert, o brie e o roquefort...ora, esses eu nem falo a língua deles!

E foi assim que surgiu aquele clima: eu aqui, eles ali, na maior intolerância. Diziam que eu não sabia comer, que mastigava com muita pressa, não sentia o sabor, não degustava as peculiaridades. Me acusavam de apenas ver seus defeitos e apontá-los com desfeita, de rir dos seus processos de feitura, não respeitar as combinações e cometer excessos.

Ninguém ali me queria mais e aos poucos fui deposto da cozinha. Nisso, meu intestino rugia, querendo briga a todo momento (e eu, com muito custo, segurando os seus intentos).

Foi por isso e desde então, que me exilei em uma rotina: em todos os meus lanches, o pão com margarina.

2 comentários:

l u a * disse...

acho nobre o queijo-do-pão.

Poti disse...

Que ótimo este texto, Felipe! Descobri seu blog pela página do orkut! Muito bom! Parabéns!
Bj,
Poti