segunda-feira, 16 de março de 2009

Trecho inacabado - Hipérbole - Exercício de expressionismo literário


Os dentes, do tamanho de prédios arranha-céus, subindo e descendo, naquela mastigação boquiaberta. Tez cor de couro de camelo, com grandes poros dos quais brotavam enormes gotas de suor, as quais se penduravam em uma vasta penugem preta espalhada pelas faces. Cabelos louros – descoloridos - e despenteados, compridos como o Amazonas. Arregalava os olhos cada vez que dirigia uma nova garfada em direção ao buraco esgarçado que chamava de boca. O nome era Auxese. Escolha do pai para a primeira filha que tinha rebentado da barriga de sua esposa Bárbara.
As pernas, anormalmente compridas, eram quebradas no meio por um joelho muito saliente. Seus movimentos imitavam alguém que anda dentro da água. As ancas, muito retas – que quase não empreendiam relevo no vestido rosa de arder os olhos – ensaiavam ir para um lado e para o outro, mas apenas a cintura se mexia pendularmente. As mãos permaneciam quebradas para cima, contrariando a gravidade, os dedos indicadores em riste pareciam sempre apontar alguma coisa. As unhas – muito compridas – pareciam perfurar o ar para abrir caminho para que ela passasse.